VIVENCIAL

Viver o cotidiano não exime da tarefa de pensá-lo, como não o faz a prática de experienciar a cultura em suas formas mais acabadas, inclusive naquilo em que nelas se imiscui a chamada vida comum. A proposta deste blog é constituir um espaço de intersecção entre esses campos vivenciais para pessoas que, como nós, têm na reflexão crítica um imperativo para a existência digna do corpo e do espírito – individual e social.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Campo Grande do Inferno


Leões, Brasões, ferem-te um corte à espada
Negro e feroz sangrento nos arde em sal
Sobreiro desta malfadada náufraga nau
Terrível terena, ossos queimados em cal

Ó, tumbas vis e profanas de meus ancestrais
De flechas e pólvora exilados do céu
Fantasmas, desgraçadas bestas, da negra Babel,
Degolem-me as vísceras e tripas no cais

Eis que adentro ao campo grande do inferno
Cão Azazel vocifera arde no eterno:
"Entrai, adentrai ao campo grande do inferno!"

Ó, árvores frondosas eivadas desta terra
Os punhos em furor os teus ramos arrebento
Crava-me tuas lascas em flecha no peito, fera.

Sebastião Ramos Osias

4 comentários:

  1. Uau! Que arrepio!
    Voltei ao tempo da mordaça e de Roque Leon:

    ROQUE LEON
    a Roque Leon

    Ruirão tronos e castelos e templos
    Onde passar eu..., rei
    Querubim animalesco e exterminador
    Ultimando os últimos heróis
    Entranhando inda no eco-vão das paredes..., e

    Lúgubre será meu canto de amor (ou de pax)
    Enquanto baionetar corpos flácidos
    Onde outrora penas tintadas
    Napolearam o meu último silêncio

    Joba Tridente. 28.08.1979

    ResponderExcluir
  2. Valeu, Joba! Tanto pelo elogio quanto pelo arrepio roqueleonesco... Não conhecia esse seu lado de poeta maldito, re re. Gostei muito! É uma alegoria da agonia do regime militar?... O Jânder é um jovem estudante da UEMS, que ultimamente anda meio tomado pelo Dante... Um grande abraço!

    ResponderExcluir
  3. Kkkkkk
    Dissestes bem..

    Não me ocupo de modernismos estéreis.
    Tampouco de arcaísmos pobres.

    O modernismo de hj, o ultramodernismo de amanhã,
    Um dia serão arcaísmos.

    Mas o gênio será gênio sempre.
    O medíocre será medíocre sempre.

    E o verme existirá
    Enquanto houver mundo.

    ResponderExcluir
  4. Desenho de Luciano Alonso a partir de original de Jânder Baltazar Rodrigues.

    ResponderExcluir