VIVENCIAL

Viver o cotidiano não exime da tarefa de pensá-lo, como não o faz a prática de experienciar a cultura em suas formas mais acabadas, inclusive naquilo em que nelas se imiscui a chamada vida comum. A proposta deste blog é constituir um espaço de intersecção entre esses campos vivenciais para pessoas que, como nós, têm na reflexão crítica um imperativo para a existência digna do corpo e do espírito – individual e social.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Adeus a um amigo que não cheguei a ter



A Unidade de Campo Grande da UEMS está de luto pela morte, na última sexta-feira, 09/11 (mas confirmada apenas ontem), de Silvio Sandro Soares, acadêmico do curso de Letras. Silvio participava de um encontro científico em Alto Araguaia, Mato Grosso, e, durante um passeio com colegas, não resisitu ao fascínio das águas turbulentas em cujas margens se divertia e entrou nelas para não voltar a emergir com vida.

Os pais de Silvio, fortes o quanto puderam em sua dor, acreditam que a morte antecede um renascimento. Embora de forma um pouco diferente, creio em algo semelhante, e é o que me sugere a imagem de um pôr-do-sol - em águas mais calmas do mesmo Rio Araguaia - para ilustrar este texto.

Mas achei bonito o fato de, entre as fotos com as quais compuseram um mural exposto no velório, hoje de manhã, os pais de Silvio terem incluído uma fotografia tirada justamente no dia e local da tragédia, e na qual, ao lado dos colegas, ele ostentava um sorriso que traduzia seu estado de espírito. E tem razão, o Sr. Paulo, quando diz que seu filho se foi de uma forma digna, entre amigos, em uma viagem de estudos (apresentara dois trabalhos, salvo engano, no dia anterior) e vivendo a vida que, certamente, ele amava muito.

Foi um amigo que não cheguei a ter. Não o tive como aluno e não me lembro, sequer, de tê-lo visto no corredor da UEMS. Mas quando penso nele, em sua perda, e também nas amizades que tento cultivar entre os estudantes, cada um deles (como cada um de nós) com seus erros e acertos, suas coerências e contradições, só posso desejar que o respeito pela dignidade do ser humano nunca deixe de estar em primeiro lugar nas relações - educacionais, profissionais etc., mas antes de tudo humanas - que vicejam entre nós, na UEMS e em qualquer parte.