(Fiquei com vontade de incluir a Wanessa, batera do Toca-Fitas, até por questão de paridade, mas como não troquei quase nenhuma ideia com ela, acho melhor não bancar o engraçadinho...)
Furrão 13 |
Pois bem, perdi Furrão 13 mas não perdi las hermanas paraguayas da S.P.M., banda ferocíssima, ainda meio que se ajustando com os instrumentos mas transbordando garra e autenticidade, tanto na punkadaria seca quanto na expressão e na voz brabas de Lety Concha.
S.P.M. |
...em formação completa, que não cheguei a conhecer |
Violência contra a mulher
Violência contra uma criança
Contra os animais
E contra você MESMO...
Mas também, é claro, porque a “cozinha” desse power trio é igualmente fantástica, com a guitarra potente da Tracy, o baixão pulsante da Kamilla e destaque para a batera do privilegiado Maycon Vieira, único entre elas mas que de alguma forma respeita a essência feminina predominante, com sua baquetadas rápidas e fortes mas também altamente suingadas...
Mais Explícitos ainda |
Queria ter tempo e conhecimento técnico suficientes para falar do desempenho e da qualidade musical de bandas punk & derivados como Moinho do Macaco, LERW, Small Fish, Dependents, Bizonhentos, Punks do Destino (nunca vi um baterista cantar com tanta força e clareza), ou da aliança de vigor e primor melódico e instrumental de bandas de metal como Strangers, Burning Universe, Screaming Fire e Death Soldier.
Mas não tenho, e o melhor que posso fazer, então, é convidar meu eventual leitor a não perder a primeira chance que tiver de vê-las em ação... Eu mesmo, não me canso de me perguntar: quando finalmente verei um show da Furrão 13?!...
Agora é que são eles
Os Lobisas são Douglas Almeida, Leandro Doutorado e Fabricio Martins, os três primeiros integrantes, também, da Small Fish e da Dependents; o que só torna a coisa mais assustadora, fazendo perguntar se esses caras não são mesmo meio sobrenaturais... Porque uma noite de Lobisomens, lá em cima, no palco, já seria suficiente pra deixar qualquer outro cristão arriado.
Esclarecendo, os Lobisomens são uma banda de blues-jazz instrumental, com pegada grunge, que toca horas seguidas basicamente de improviso; só não se pode dizer puro improviso porque obviamente os integrantes vão pegando os “esquemas” um do outro. O trio começa (começou, pelo menos, na última sexta-feira, 22/02, em plena lua crescente) com uns fraseados mais puxados pro blues que vão ganhando em riqueza e intensidade até chegar a algo como um jazz-punk, ao mesmo tempo primitivo, maniacamente visceral, e sofisticado.
Leandro Dourado |
O entrosamento da banda é de cair o queixo: como disse Fabricio Martins, cada um faz uma coisa, mas totalmente engrenado com o que os outros fazem, e com quebras de ritmo tão perfeitas que, conforme dizia Herson Nonaka, vocalista do Small Fish, eles parecem pensar com a mesma cabeça. E tudo com uma força extraordinária, impressa pela batidona monstruosa do Leandro – que, como eu já disse em outro post, tem a pegada do Dave Ghrol, só que mais rica, pois o que eles fazem ali é música em estado puro –, sobre a qual a guitarra seca e melódica de Douglas Almeida constrói solinhos rascantes e viagens rítmicas surpreendentes, às vezes com uma intensidade que, com o perdão do lugar-comum, parece disposta a quebrar a velocidade do som. No fim de tudo ficam os dois ali, massageando os pulsos e os ombros, mas ambos, bons cristãos que são (não é piada), com a expressão satisfeita por ter chamado o espírito de Deus para plainar sobre as turbulências da Terra...
Douglas Almeida |
A certa altura, Fabricio cedeu seu instrumento ao baixista da Strangers, que assina Irwing dos Teclados. Com uma pulsão rítmica impressionante e um suingue que, definitivamente, eu não esperava de um integrante de uma banda de metal, Irwing imprimiu uma intensidade ainda mais monstruosa à jam session. Como disse o próprio Fabricio, impressionado, o baixão de Irwing “preenche todos os espaços”. Mas quando reassumiu o comando, Fabricio mostrou a que veio. Numa seção particularmente marcada pelo burilamento melódico, criou solos belíssimos, com aquele jogo de compassos e descompassos fantástico do jazz, e me convenceu que sua presença, ali, é absolutamente fundamental.
Fabricio Martins |
Digo tudo isso, um pouco, pra me consolar pela falta (aliás, no fundo, pela impossibilidade) de um registro completo dessa e outras noites sobrenaturais... O importante é que outras venham, que a música e a arte não parem, e ecoem cada vez mais pela vida. Agora, que os Lobisomens mereciam assombrar essa terra brasilis inteira, disso não há dúvida!
Ah, mas essa comparaçãozinha de valor eu não posso deixar de fazer, ou melhor, de sustentar: os Lobisomens são objetivamente melhores que a Macaco Bong, banda de jazz-rock já consagrada que eu vi há alguns anos. E olha que os Bongs são três Hendrix reencarnados...
P.S.1 - Vale registrar, até pra unir este post com o outro, que a noite dos Lobisas terminou com outra canja: da Patrícia Goulart, namorada do Douglas, e que manda muito bem, sim senhora...
P.S.2 - Só pra sentir o cheiro de sangue:
Lobisomens em clima de fim de festa no Holandês...
P.S.1 - Vale registrar, até pra unir este post com o outro, que a noite dos Lobisas terminou com outra canja: da Patrícia Goulart, namorada do Douglas, e que manda muito bem, sim senhora...
P.S.2 - Só pra sentir o cheiro de sangue:
Lobisomens em clima de fim de festa no Holandês...
Buena esaaaa....
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