VIVENCIAL

Viver o cotidiano não exime da tarefa de pensá-lo, como não o faz a prática de experienciar a cultura em suas formas mais acabadas, inclusive naquilo em que nelas se imiscui a chamada vida comum. A proposta deste blog é constituir um espaço de intersecção entre esses campos vivenciais para pessoas que, como nós, têm na reflexão crítica um imperativo para a existência digna do corpo e do espírito – individual e social.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Não precisa dizer,
não diga que me ama.
Dê-me sua umidade transbordante.
Deixe-me reter entre os dentes
seus mamilos pretos de tons dourados.
Deixe-me aspirar cada milímetro de sua pele dourada.
Dê-me sua voz lânguida e seu corpo lânguido,
e, sempre que puder, os dois juntos.
Mas me dê também o toque de seus olhos,
e, sempre que puder, o de suas mãos.
E, sim, derreta-se.
Derreta-se toda para que eu possa aspirá-la inteira,
como aspiro seus seios,
seus cabelos
e nacos de sua pele.
Se possível, derreta-se tanto
que sua alma transborde por sua pele
como transborda em seu odor mais íntimo,
e a qualquer hora, em qualquer lugar,
eu possa te ter a um simples toque ou o roçar de nossos braços,
sem precisar sequer roubar-te um beijo.
Não diga que me ama:
me ame
como a um cão
ou a um irmão,
ou qualquer naco da vida
que seus olhos transbordantes de amor
sabem amar sem dizer nada.

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