Quem foi ao Hangar dia 04 de
janeiro para ver Blaze Bayley e resolveu conferir a Shadows Legacy não se
arrependeu. Não foi o meu caso, que fui pra ver os dois mesmo, e com a mesma
expectativa: cada show da Legacy, pra mim, é um grande show. O fato de Blaze
Bayley gravar uma música com os caras e participar do lançamento do CD diz
muito sobre eles. O momento em
que Blaze subiu ao palco para cantar “Hate whitin” com Wille
Bruno foi um marco histórico. Não pela honra ou “glória” particular da banda,
mas pelo reconhecimento prático da
qualidade da Shadows e, por via dela, do metal de MS.
Acompanho, embora de longe e
esporadicamente, a cena metal de Campo Grande há pelo menos quinze e anos, e,
pelo que posso comparar com o que vi em outros estados, me sinto à vontade pra
atestar sua riqueza e qualidade; sobretudo nos estilos mais radicais, como o
thrash, o death e o grind. Entre bandas (e ex-bandas) já consagradas e cada vez
mais reconhecidas ou mesmo apenas promissoras (e sem distinguir estilos nem bermudas
ou calças compridas), é preciso citar Katastrofe, Sacrament, Jäpüräh Noise Project, DxDxO, The God of
Carnage, Aggression, Diabolical Hate, Death Soldier, Screaming Fire, Burning
Universe, Butchercrow, Extração Craniana e Rejeitados pelo Diabo.
CD à venda pelo e-mail shadoslegacyband@gmail.com |
E com certeza há muita coisa que
não conheço (ou que vi há muito tempo mas não guardei o nome) fora dessa lista,
inclusive bandas de outras cidades, como Corumbá e Dourados. Das que não vi ao
vivo, acho fundamental, por testemunhos de amigos e pelo que vi no youtube,
citar a Warriors, formada por índios Terena.
Muito mais que o apuro técnico, é a
força e a autenticidade que une essas bandas e dá uma feição própria ao Metal
de Campo Grande. É a presença disso que estou chamando de “Alma do Metal”
(assim como existe uma grande Alma do Blues em Bigfield). E como em cada uma
delas, essa alma se encarna de forma única na Shadows Legacy.
De novo, o que importa aqui não são
comparações. Meu apreço particular pela Shadows Legacy se relaciona,
principalmente, ao tipo de som que eles fazem, com melodias, letras e arranjos
trabalhados e uma junção perfeita de peso e harmonia. Por essa junção, a
Shadows lembra mais o Black Sabbath, com sua sonoridade soturna mas bem
definida, que o Iron Maiden, com seus arranjos espalhafatosos (embora as linhas
melódicas me lembrem mais as do Iron). Foi com a Shadows, aliás, que eu
“aprendi” a ouvir Black Sabbath, inclusive o da fase Dio, o preferido de Wille
Bruno.
Três coisas impressionam na
Shadows: a coesão e excelência do conjunto, a qualidade de várias canções e,
para usar a palavra que dediquei ao Balze Bayley no post anterior, a presença de Bruno. Como Blaze, Bruno
torna presente a Alma do Metal de forma única, ou melhor, sua aura sóbria, negativa,
e sua alma épica, positiva. E como Blaze é um grande vocalista, com elementos
virtuosísticos contrabalançados por semiguturais que, aliados à pegada feroz da banda, dão a algumas canções uma feição quase thrash. Aliás, o baterista da Shadows,
Augusto Morais, é o mesmo da thrasher Death
Soldier.
Os duos solantes – vigorosos e
impecáveis – de Leandro Motta e Max Batista na guitarra e mais o baixão denso e
onipresente – e igualmente melódico – de Luciano Rivero fazem o resto: uma
sonoridade melódica e encorpada, densa e harmônica, e sempre pulsante. Vale o
registro, também, de que, assim como em Blaze Bayley, essa densidade também se manifesta
na letra.
Por tudo isso, o encontro da
Shadows com Blaze Bayley no palco do Hangar sábado passado foi um verdadeiro
acontecimento. Não apenas porque honra o Metal de Campo Grande, mas porque faz
justiça a ele. Não por acaso, Blaze estava tão feliz no palco quanto os rapazes
da Shadows.
Mesmo sempre dizendo que
comparações são perigosas, tomo liberdade de propor uma; não pra comparar
qualidades, mas pra aferir a densidade da Shadows de que falei. Abaixo, um clip
da banda campograndense e na sequência um da banda Jat Lag Project, de Ouro
Preto, que fechou a noite do mesmíssimo Blaze Bayley em Conselheiro Lafaiete-MG:
Sou amigo do Bruno mas não estou
rasgando seda: no momento que me senti à vontade para isso, disse a ele que me
orgulhava de conhecê-lo. Ou seja, fui fã antes de ser amigo. É preciso que
Campo Grande saiba o valor de seus artistas. Há metaleiros, aqui, que não sabem
da qualidade dos músicos e das músicas da Shadows, e nem desconfiam que Campo
Grande tem um frontman de Heavy Metal
com o carisma de Wille Bruno. Em algum momento, aliás, preciso falar da outra
banda de Bruno, a Strangers, que também lançou um CD recentemente. Mas a
Strangers é uma banda de hard rock, e mesmo às vezes sendo difícil, pra mim,
diferenciar os dois estilos, quero terminar este texto brindando:
Vida longa ao Metal, em Campo Grande, no
Brasil, no mundo!
eu estive no dia e ótima matéria o/ !!!
ResponderExcluirTIAGO KILLERS .. PIECE OF MAIDEN KILLERS MS !
pieceofmaidenkillers.blogspot.com.br/